Temperaturas mais amenas e clima seco estimulam processos de inflamação das mucosas dos seios da face
Com a chegada do inverno, período mais frio do ano, aumentam os casos de sinusite em Goiás. A combinação das temperaturas mais amenas com o clima seco atua na desidratação da mucosa nasal. “Esse ressecamento estimula processos de inflamação das mucosas dos seios da face, região do crânio formada por cavidades ósseas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos”, explica a médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta.
Segundo dados da Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço (AAO-HNSF), a sinusite afeta uma em cada oito pessoas em todo o mundo. Os sintomas de sinusite são principalmente obstrução nasal e secreção, que podem vir acompanhadas de dor facial e tosse (que é mais comum nas crianças). Sintomas como febre, dor no corpo e mal estar sugerem um quadro agudo relacionado a infecção por vírus e bactérias.
O diagnóstico da sinusite é algo complexo e, por isso, depende de uma avaliação especializada para que o melhor e mais indicado tratamento seja realizado. “Muitos pacientes confundem a sinusite com um resfriado ou gripe e acabam deixando de ir ao hospital, o que pode agravar o quadro da doença, por isso é importante lembrar que, em caso de febre alta e persistente por mais de 3 dias ou mal estar intenso, o médico deve ser consultado”, alerta Juliana Caixeta. Sintomas persistentes por mais de 10 dias também requerem avaliação especializada, pois pode se tratar de infecção bacteriana.
A doença pode se apresentar de duas formas. Uma delas é a sinusite aguda provocada por vírus, fungos e bactérias e os sintomas desaparecem em menos de quatro semanas. “Quando a rinossinusite infecciosa ou sinusite aguda é resultado de um quadro viral, pode ser tratada com medicação tópica nasal, analgésicos, antitérmicos, hidratação oral e descanso. Já na forma bacteriana pode ser recomendado o uso de antibióticos”, explica a médica sobre o tratamento.
A segunda forma da doença é a sinusite crônica, que pode ser causada por uma infecção ou por tumores. “O processo inflamatório é definido como crônico após perdurar por um período além de 12 semanas e normalmente ele costuma surgir em consequência de quadros de sinusite aguda mal tratados”, informa a otorrinolaringologista.
A médica explica os procedimentos indicados para o tratamento desses casos incluem o uso contínuo de corticóides nasais em spray. Pode ainda ser necessário realizar a chamada sinusectomia, procedimento cirúrgico que consiste na abertura de um caminho de drenagem de secreção na região do nariz.
Existem fatores agravantes da doença, ou seja, condições que estimulam a evolução dos quadros de sinusite. “A prática do tabagismo, doenças respiratórias e alergias podem debilitar a imunidade do indivíduo, o que dificulta a recuperação da mucosa nasal em um quadro de sinusite aguda facilitando a evolução para um quadro crônico”, esclarece a otorrinolaringologista.
Sinusite, crianças e antibióticos
A maioria das pessoas terá ao menos um episódio de sinusite durante a vida. Dados da AAO-HNSF revelam que a sinusite é a quinta causa mais frequente do consumo de antibióticos. Entretanto, segundo a médica Juliana Caixeta, muitas vezes o uso desses medicamentos ocorre de forma indevida. “É importante reforçar que mesmo a sinusite, que é considerada um quadro infeccioso, pode melhorar sem antibióticos”.
Os estudos mostram que, de cada 100 crianças com sinusite, menos de 15 irão necessitar de uso de antibióticos para melhorar. Entre os adultos, essa taxa fica abaixo dos 10%. “O diagnóstico de sinusite não significa a necessidade de uso de antibióticos; na maioria das vezes, é possível melhorar os sintomas com o uso de outras medicações, uma vez que o quadro costuma ser muito incômodo, podendo atrapalhar o desempenho escolar, no trabalho e impactar diretamente o sono”, alerta a médica.
Em alguns casos mais raros, a sinusite pode se tornar crônica e necessitar de tratamento cirúrgico. “Nas crianças, a sinusite crônica e recorrente pode estar associada a alterações da adenoide, sendo que algumas crianças vão necessitar de uma adenoidectomia para melhora dos sintomas”, destaca Juliana Caixeta.
Lavagem nasal
Com alguns alguns hábitos simples é possível diminuir o risco de contrair a sinusite. “Lavar sempre as mãos, para ficar longe de vírus e bactérias, manter distância de possíveis causadores de alergias respiratórias – como poeira, ácaros e mofo – e a lavagem nasal podem ser importantes aliados para as pessoas que sofrem com crises de sinusite na mudança de estação”, orienta Juliana Caixeta.
Lavar o nariz é importante para prevenir o acúmulo de muco nos seios da face e também para tratar pessoas que já estão passando por quadros de sinusite. Juliana Caixeta recomenda a prática e faz algumas orientações.
“Aqueça o soro, muitas pessoas acabam desistindo de utilizar o método pois acham o líquido frio desconfortável; durante a lavagem, diga ‘kakakaka”, isso evita que o soro vá para a boca. E nunca substitua o soro por água, pois a água causa ardor no nariz”, esclarece a otorrinolaringologista.
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