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Enem: saiba como equilibrar saúde mental com os estudos

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No mês de prevenção ao suicídio – o Setembro Amarelo – e a 60 dias da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), especialistas apontam qual o melhor caminho para lidar com a pressão

Alunos se preparando para o ENEM – Foto: divulgação

Ciências da Natureza, Matemática, Ciências Humanas, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, além da Redação, são as provas que compõem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova é aplicada em duas etapas, que, neste ano, serão em 5 e 12 de novembro, sendo que Linguagens, Humanas e Redação serão no primeiro dia, e Matemática e Ciências da Natureza no segundo dia. Nesta edição, a principal porta de entrada para o ensino superior do Brasil, teve 3,9 milhões de inscritos. Boa parte desses candidatos, quanto mais a data da prova se aproxima, costuma se render à pressão por resultados, o que acaba desencadeando prejuízos à saúde mental. Por essa razão, profissionais da Educação dão dicas sobre qual o caminho para não surtar nessa quase reta final.

Do ponto de vista prático, o professor mentor para Assuntos Estratégicos sobre o Enem e Vestibulares do Colégio Integrado, Tercílio Pires dos Santos, orienta que os estudantes, nestes sessenta dias restantes para o Enem, dediquem-se a responder provas e questões no formato do exame aplicadas nos anos anteriores. “Não é o momento de tentar aprender novos conteúdos, é hora de fortalecer o que já foi estudado com uma revisão assertiva”, pontua. Tercílio propõe ainda que os estudantes montem um cronograma de atividades no qual possam prever, além do estudo, horários para descanso e lazer. “Ao mesmo tempo em que os alunos devem estar focados na reta final, eles também precisam evitar o cansaço mental, pois isso pode custar uma boa resolução da prova”, destaca.

Por outro lado, todo o corpo escolar também precisa criar estratégias para lidar com os possíveis prejuízos emocionais que todo o desgaste dos vestibulares pode ocasionar. Para a especialista em Relações Interpessoais na Escola e Coordenadora do Programa Convivência Ética do Colégio Integrado, Danusa Crislei, essa pressão sobre os jovens é gerada por fatores diversos, como a grande quantidade de informações que recebem diariamente, por exemplo. “Nessa perspectiva, o Enem, por ser um dos desafios mais decisivos da vida dos adolescentes, pode também ser gatilho para desencadear quadros de ansiedade e até mesmo de depressão, o que pode diminuir a concentração, a memória, a motivação e a autoestima, além de provocar alterações no sono e na alimentação”, analisa.

Danusa Crislei recomenda que, para evitar essas consequências em uma etapa tão importante da vida dos estudantes, as escolas podem realizar ações e atividades com foco em autoconsciência, autorrespeito, autocuidado e outras habilidades que contribuem para o processo de entendimento e manejo das emoções. Para os estudantes da 3ª série do Ensino Médio, ela aconselha que seja feito um acompanhamento individualizado por orientadores e coordenadores pedagógicos que, por meio de dados de simulados e do conhecimento prévio da rotina do estudante, possam ajudar a traçar um plano de estudo personalizado. “Mais próximo do Enem, é importante reforçar a rede de apoio aos estudantes e proporcionar a eles diferentes momentos de relaxamento e acolhimento”, sugere.

Setembro Amarelo

 De acordo com reportagem publicada pela Folha de São Paulo, o Ministério da Saúde revelou que o número de suicídios de jovens cresceu no Brasil nos últimos anos. De 2016 para 2021, a taxa de mortalidade por cem mil pessoas relacionada a essa causa aumentou 45% na faixa de 10 a 14 anos e 49,3% na de 15 a 19 anos. Nesse contexto, Danusa Crislei reforça a importância de observar as dificuldades pelas quais passam os adolescentes no período escolar, em especial, às vésperas de momentos decisivos, como a prova do Enem. “É preciso ensinar aos nossos alunos que todas as emoções são válidas e que podemos controlar o que fazer com elas. Não devemos ensiná-los a negarem o que sentem por medo de julgamento, mas criar diferentes espaços de acolhimento”, avalia.

Para a professora, ter o Setembro Amarelo – campanha brasileira de prevenção ao suicídio – é de extrema importância, pois esta é uma oportunidade de quebrar paradigmas, preconceitos e mitos que ainda cercam o tema. “Falar sobre o suicídio não encoraja o ato, como muitos acreditam, e falar sobre o assunto pode aliviar a angústia que os pensamentos suicidas trazem. Mas é preciso, acima de tudo, associá-lo à temática de valorização da vida e dar visibilidade ao tema dentro da comunidade escolar, com ações diversas que aproveitem a campanha para trabalhar competências socioemocionais, comunicação interpessoal, ações antibullying, valores éticos e a construção de uma cultura pró-saúde mental dentro da escola”, arremata.

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